segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Modernidade


E então ela chorou.
Chorou pra dentro porque nunca soubera chorar pra fora. Um choro breve.
No canto do olho direito, uma lágrima escorreu parca.
No canto do olho direito, escorreu uma lágrima que já nascera seca.
“Eles são sempre frios no dia seguinte...”
Lembrou-se então do porquê de um dia ter escolhido as mulheres: elas são mais sensíveis, mais gentis, elas se importam com os sentimentos do outro porque entendem esses sentimentos... porque são sentimentos e necessidades que elas mesmas têm. O outro é outra, outra mulher, uma ser igual e, portanto, mais fácil de ser compreendido.
Mas do que adiantava pensar nisso naquela hora... importava apenas que as doces palavras que a despertaram no raiar do sábado anterior não mais existiam. Pelo menos, não eram sentidas por ela nas mensagens instantâneas que recebia através de seu veículo de comunicação em tempo real – a internet. Não havia doçura naquelas frases; só respostas vagas.
Homem nenhum a havia levado a sério até aqueles dias e, parecia, continuava sendo assim. Ao menos essa era a verdade que ela compreendia e, realmente, não existia muitas provas do contrário. Já haviam lhe dito que não se encaixava no perfil de “garotas pra namorar”, mas ela ainda tinha esperanças. Mas agora... ela estava bem sozinha quando vieram lhe dizer tudo aquilo ao pé do ouvido, então ela pensou que pudesse enfim construir uma história diferente, do jeito que sempre quis. Porque, por mais que a maioria não enxergasse, ela era sim romântica, e gostava de tudo à moda antiga – com visitas freqüentes, declarações melosas e pedidos oficiais. Ela só queria que desse certo uma vezinha só. Ela só queria poder dizer que o coração de alguém batia mais forte por ela e que isso era sincero e correspondido à altura. Mas ela sempre está com os caras errados... e os meios que deveriam ajudá-la, só a fazem conhecer o tamanho do engano. Nunca é o que ela quer...
Seria um karma? Vai saber...
Ela só sabe que é mais um nó no peito que só faz pesar a alma...
Ela não serve pra esses tempos. Suas roupas, seus pensamentos, suas vontades, suas músicas... nada se encaixa aos dias de hoje, a essa era veloz.
Eles querem tudo pra agora e ela... ela só quer alguém que não a faça sofrer.

1 comentários:

Déa Nucifera disse...

Gostaria de poder fazer de suas, minha palavras. Mas elas são suas, não minhas. Embora ainda assim, retratem tudo o que sinto, tudo o que vivo... É estranho como às vezes a solidão pode bater assim... Um dia estamos completamente excitados por um simples olhar, no outro, estamos "desprezados" por palavras vagas, aparentemente sem sentimento algum, e mais uma lágrima seca cristaliza no canto dos olhos...
É...talvez estejamos vivendo o momento errado. Talvez esse tempo não seja o nosso. No fundo não importa. O desejo de querer dar certo é quase sufocante às vezes...


;*