quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Colombina

Eu tinha uma amiga.
Eu tinha uma irmã.
Eu tinha ironias bem-vindas
E uma acidez astuta.
Eu acreditava piamente ter um amigo sincero debaixo daquela carcaça de ogro.
Mas eu só o inventei.
Eu acreditava ter uma amiga turrona que só não sabia falar muito bem de si mesma,
Mas sabia falar muito bem.
E eu queria ser ela
- ao menos em parte -
E eu acreditava que ela era um pouco minha mãe.
E eu acreditava que as pessoas gostavam de mim,
Mas eles só me temiam.

Esse carnaval eu vou ter de pular sozinha
E não vai ser tão ruim assim.
Bom, eu vou ter de segurar...
Afinal, não dá pra simplesmente dizer tchau e pronto, acabou... não é?
Não é assim... simples. Nunca vai ser.

Esse carnaval eu vou pular e cantar marchinhas com dor.
Sabendo que quem está do meu lado não está.
Não por mim. Com certeza não.

Eu vou pular. E cantar.
E chorar.
E seguir.
Porque é assim que é...
É assim que segue.
Sem refrão.

Eu tinha uma amiga.
Eu tinha uma irmã.
Eu tinha um primo-quase-irmão.
Eu tinha fãs.
Eu tinha certeza de que tudo era real..
E sincero.
Mas eu inventei tudo isso.

Eram só idéias.
E elas se deram as mãos e alçaram vôo em busca de algo mais
E me deixaram pra trás.
E não é que eu não tenha asas.
E que eu não sei voar.
Nem me desapegar.
Nem esquecer.

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