segunda-feira, 2 de junho de 2008

Engov, arruda e água-benta

Não foi o excesso de cigarro impregnado na roupa ou no cabelo no fim da noite. Todo aquele auto-repúdio, um “enojamento” por si própria, tinha fundo psicológico e tanto sabia que procurava de maneira racional – no banho, enquanto esfregava a pele como toda força – dissipar aquele pensamento. Vinha o último sábado a noite à cabeça.
Não viu a tal fada verde. Três doses misturadas a outros alcoólicos menos nobres e o máximo que sentia era a embriaguês típica de quem já bebeu além do que devia; nada de alucinações. Viu no máximo o amigo da amiga e consentiu a aproximação. Talvez por isso tenha se sentido desconfortável: perto demais. Antes desse, só um único outro, mas antes havia amor – não um sentimento qualquer, amor mesmo – e nesse não. Só uma simpatia pela cara do guri mesmo.
Infelizmente, a primeiro contato, foi só simpatia mesmo. Então não teve aquela resposta químico-hormonal condizente com as regras normais do jogo. O que teve foi um velho clichê corporal daqueles tão batidos que deixam tudo automatizado. Pena. Porque o rapaz lhe pareceu realmente simpático. Pena. Porque nessa fase da vida em que está – a de se sentir velha pras contemporaniedades atuais – acha que tudo que vai sem sentimento não vale, portanto ter-se assim em alguém de quem só sabia o nome e já assim, o sabendo pelas intimidades, lhe pareceu da superficialidade dos contos das messalinas do Oriente. Onde estava enfim a bandeira que vinha sustentando e todas aquelas convicções? Por água abaixo é que estavam. Esvaindo pelo ralo do banheiro apertado e pouco higiênico no qual foi parar junto ao garoto. Em verdade, teve nojo de si.

No fim, quis acreditar que era só o psicológico frágil por falta de sustentação emocional e que a sobriedade levaria à compreensão.

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